segunda-feira, 2 de abril de 2007

A Síndrome de Chernobyl


A 26 de Abril de 1986, à 1.23, ocorria na central de Chernobyl o maior desastre nuclear da História. O nome da cidade ucraniana ficará para sempre como símbolo dos riscos tecnológicos.


Chernobyl é «apenas» a catástrofe ecológica mais mediatizada. Na Europa Central, a industrialização intensiva dos anos do comunismo destruiu o ambiente de regiões inteiras por décadas.


O acidente


A central nuclear de Chernobyl está situada no assentamento de Pripyat, Ucrânia, 18 km a noroeste da cidade de Chernobyl, 16 km da fronteira com a Bielorússia, e cerca de 110 km ao norte de Kiev. A central nuclear era composta por quatro reactores, cada um capaz de produzir 1 GW de energia eléctrica (3.2 gigawatts de energia térmica). Em conjunto, os quatro reactores produziram cerca de 10% da energia eléctrica utilizada pela Ucrânia na época do acidente. A construção da instalação começou na década de 1970, com o reactor n.º 1 (1977), seguido pelo n.º 2 (1978), n.º 3 (1981), e n.º 4 (1983). Dois reactores adicionais (n.º 5 e n.º 6, também capazes de produzir 1 GW cada) estavam em construção na época do acidente.
Tudo começa com uma verificação dos sistemas de segurança e um erro humano agravado por uma má concepção técnica, que leva ao sobreaquecimento do reactor n.º 4, que se torna incontrolável. A parte superior explode, provocando o abatimento do núcleo. A força da deflagração faz saltar a tampa que pesa 2000 toneladas. Depois, é a catástrofe em cadeia, ainda agravada por novas manobras em falso, confessadas mais tarde. Durante dez dias, sucedem-se as explosões e os incêndios.
A nuvem que se escapa para a atmosfera compreende iodo 131, césio 134 e, sobretudo, césio 137, o mais perigoso.
100 000 pessoas são evacuadas num raio de 30 km. Mobilizam-se «liquidadores», vindos da Rússia e da Ucrânia, para descontaminar a zona, especialmente para enterrar os resíduos à pressa. Trabalham em rotação, por períodos de 90 segundos, sem a mínima protecção.


Um balanço incalculável


Kiev reconhece hoje 15 000 vítimas e milhões de inválidos ligados à catástrofe, mas estima-se em nove milhões o número de pessoas susceptíveis de terem sido contaminadas, dos 17 milhões que viviam nas áreas mais gravemente afectadas. Entre os principais sintomas das doenças causadas pelo efeito da radiação nuclear, manifestada pelas vítimas de Chernobyl, encontra-se a alopecia universal (doença caracterizada pela perda total do cabelo) frequentemente acompanhada pelo vitiligo (manchas brancas na pele). Este tipo de doença deixa graves sequelas psíquicas.
Outra das consequências estabelecidas pelo acidente da central nuclear foi o aumento progressivo dos casos de cancro na tiróide em indivíduos jovens, particularmente em crianças. Os primeiros casos começaram a ser detectados escassos quatro anos após o acidente, em 1990. A causa, como se descobriu depois, foi a contaminação por um elemento radioactivo preciso: o iodo 131. E isso determinou também que fossem as crianças a mais atingidas por esta forma de tumor maligno.
Dos solos fortemente contaminados, o iodo radioactivo “saltou” para a cadeia alimentar, através dos animais. Os mais novos, cuja tiróide ainda está em desenvolvimento, foram sobretudo afectados através do leite das vacas. A tiróide é o único órgão do corpo humano que absorve grandes quantidades de iodo, já que depende dele para funcionar.
Desde o acidente de Chernobyl, a taxa de mortalidade ultrapassa a de nascimentos na Ucrânia. Esta taxa de nascimento baixou para metade, enquanto a mortalidade infantil e as crianças que nascem com deficiências físicas aumentaram.


O sarcófago de Chernobyl


Depois de muito hesitar, a Ucrânia aceitava finalmente, a 15 de Dezembro de 2000, encerrar o último reactor da central de Chernobyl. Como contrapartida, receberia do G-7 uma ajuda de 2,3 mil milhões de dólares.
O «caso de Chernobyl» está, no entanto, longe de ser encerrado. O betão do sarcófago construído em cima do reactor n.º 4, concebido para durar 30 anos, é corroído pelas radiações: e um segundo está em vias de acabamento. O problema da gestão dos resíduos vai exigir anos. Finalmente, serão necessárias décadas para descontaminar as terras que continuam a ser cultivadas milhares de quilómetros em redor. As populações mais idosas decidiram não esperar. Muitas pessoas voltaram ao perímetro proibido abandonado à vegetação, preferindo essa paisagem mortuária de fim de mundo às casas que lhes foram distribuídas.


[Nota: informações retiradas do site http://pt.wikipedia.org/wiki/Acidente_nuclear_de_Chernobil]

[Carla Neves]

2 comentários:

Unknown disse...

Quero agradecer muito para quem escreveu sobre chernobyl.Me ajudou muito numa pesquisa .
brigaduuuuuuuuuuuu

Anónimo disse...

nooosssa, essa é a melhor pesquisa que li sobre o assunto, é fácil e breve de se entender, possui todos os detalhes que eu procurava e nao tinha achado antes.. muito obrigada