terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Uma Blogosfera em Expansão

O termo blog está cada vez mais presente nos nossos dias. Estes são páginas da Web onde os blogueiros dão asas à sua imaginação e partilham diferentes e variados assuntos.


Jorn Barger, autor de um dos primeiros FAQ (Frequently Asked Questions), foi o editor do blog original e concebeu o termo weblog em 1997, defenindo-o como uma página da Web onde um diarista (da Web) relata todas as outras páginas interessantes que encontra. O termo foi alterado por Peter Merholz, que decidiu pronunciar wee-blog, que tornou inevitável o encurtamento para o termo actual.
A blogosfera (termo que representa todos os blogs) tem vindo a crescer a um ritmo espantoso.
Em 1999 o número de blogs era estimado em menos de cinquenta. Actualmente encontra-se a mais de 50 milhões (de acordo com o estudo de State of Blogosphere).
Um blog é uma página da Web cujas actualizações (chamadas posts) são organizadas cronologicamente (como um histórico ou diário). Estes posts podem ou não, pertencer ao mesmo género de escrita, referirem-se ao mesmo assunto ou à mesma pessoa. A maioria dos blogs são miscelâneas onde os blogueiros escrevem com total liberdade.
Muitos blogueiros mantêm um blogroll (lista de blogs que lêem frequentemente) com links directos para o endereço desses blogs.
Os serviços mais conhecidos em todo o mundo são o Blogger, Blog.com e o WordPress. Em Portugal são o Blog.pt, Blogs no Sapo, Weblog.com.pt e o BlogTok.
O facto de dispensarem o conhecimento de HTML torna os blogs atractivos pelas facilidades que oferecem.
Este tem vindo a ser usado como um tipo de média, no qual os jornalistas postam notícias e comentários da sua área, e até mesmo com fins educativos, tornando-se ferramentas educacionais utilizadas para o registo de ideias de professores e alunos.
Na nossa escola apenas nove em cem alunos têm blog, pertencendo estes ao ensino secundário, com faixas etárias entre os catorze e os vinte anos. Os temas abordados são variados e não apresentam uma frequência de escrita constante.
O mesmo inquérito, realizado a 43 blogueiros fora do universo da nossa escola, mostra resultados mais definidos que vêm comprovar determinadas tendências. A maioria criou o seu blog há um ano ou menos pela influência de outrem ou pela partilha de ideias. A maior parte não tem temas fixos, optando pela generalidade, apesar de ser notória a tendência para o uso do blog como um diário ou para abordar problemas sociais e políticos. A cultura, a música e a literatura também são alguns dos temas abordados com uma certa frequência. Podemos também observar que a maioria escreve todos ou quase todos os dias, tendo um gosto “assíduo” pelo “bichinho da escrita”. As faixas etárias mais frequentes são dos 26 aos 35 e dos 36 aos 45 anos. Quase todos os blogueiros têm o ensino secundário ou superior, o que revela um certo interesse e cultura na blogosfera.

Geração Blogue

O jornalista italiano Giuseppe Granieri é um especialista na cultura digital. Neste livro, da Editorial Presença, considera os blogues um meio tecnologicamente simples que permite fazer algo complexo: colocar as pessoas diariamente em contacto, criando comunidades e redes de discussão e troca de ideias. O autor reflecte sobre o impacto dos blogues nos media e na sociedade.

[Bruno F. Moutinho / realização dos inquéritos e respectiva análise dentro do recindo escolar: Pavel Tsiunchyk]
[nota: Texto “Geração Blogue” retirado do suplemento do jornal Público, revista Dia D.]

1.509 Toneladas de Ajuda Alimentar


Nos dias 25 e 26 de Novembro de 2006 realizaram-se recolhas de produtos alimentares em 669 superfícies comerciais. A campanha dos Bancos Alimentares Contra a Fome contou com a colaboração de catorze mil voluntários.
A recolha realizada pelos Bancos Alimentares resultou em 1.509 toneladas de géneros alimentares, mais 2% que no ano anterior, e realizou-se e, 669 superfícies comerciais das zonas de Abrantes, Aveiro, Coimbra, Évora, Lisboa, Porto, Setúbal, Cova da Beira, Leiria-Fátima, S. Miguel e Rainha/Óbidos. 14 mil voluntários realizaram, durante os dias 25 e 26 de Novembro, tarefas como a recolha nos estabelecimentos comerciais, o transporte, pesagem e separação dos produtos. Os géneros alimentares recolhidos serão posteriormente distribuídos por um total de 1.380 Instituições de Solidariedade Social a mais de 219 mil pessoas com carências alimentares comprovadas.
Esta campanha constituiu também a oportunidade para organizar uma nova modalidade de recolha, mais flexível e adaptável a estabelecimentos de menor dimensão em que, por razões de espaço, era impossível a presença de voluntários, designada “Ajuda-Vale”. Esta prolongou-se até 3 de Dezembro em todas as lojas das cadeias Jumbo/Pão de Açúcar, Pingo Doce, Feira Nova, Dia/Minipreço e Lidl.
Segundo um estudo realizado pelo Jornal 7 Letras*, a maioria das pessoas tomou conhecimento da campanha através de um anúncio televisivo. Quem colabora é da opinião que a campanha pode ajudar a combater os problemas da fome e da pobreza, embora com algumas “reticências”, mas essa razão não leva a que deixe de ser solidário.

*Estudo realizado a 50 pessoas no Feira Nova da Póvoa de Santo Adrião e no Continente do Loures Shoping.

[Bruno F. Moutinho]
[nota: informação retirada do site
www.bancoalimentar.pt]

6ª Sessão de Prazeres Literários

A sexta sessão das “Conversas de Fim de Tarde”, evento organizado pelo departamento de Línguas Românicas, que se realizou no dia 16 de Novembro de 2006, às 18 horas, contou com a participação dos professores José Raimundo, docente de História, e Francisco Alves, docente de Filosofia. Entre Bocage, nas suas atribulações de poeta libertino no “Reino da Estupidez”, e Miguel de Cervantes, “o narrador imortal”, desenrolaram-se conversas onde a literatura proporcionou um momento de convívio cultural, apesar de uma audiência escassa.
A sessão teve início com a intervenção do professor José Raimundo que traçou alguns aspectos biográficos de Bocage, usando, inclusive, alguns poemas do autor. Demonstrou fortes críticas feitas pelo mesmo à sociedade da época, onde a ironia toma comando no seu trajecto poético.
É da opinião que Bocage era racista e salienta as censuras feitas, inclusive nos livros escolares, aos poemas do autor.
Através de um discurso interactivo e com um sorriso hilariante alicia o público a um momento de prazer e absorção de sabedoria.
Segue-lhe o professor Francisco Alves que ilustra a sua tese através de matrioskas. Foca os diferentes aspectos da narrativa de Cervantes numa análise filosófica e lusófona.
Relata o interesse que D. Quixote despertou nos filósofos, que o utilizaram como motivo para as suas reflexões essenciais sobre a realidade ibérica. Demonstra também que Cervantes era um criador peninsular que nutria simpatia e amizade por Portugal. Há, em “D. Quixote”, referência a Camões e a um rei de Portugal, afirmando, inclusive, que houve influência portuguesa na produção da obra.
Para o professor Francisco Alves “é interessante o cruzar da fantasia com a realidade” ao longo da obra, uma vez que “poderia ter acontecido em qualquer lado”.
A sessão encerra com um pequeno debate de reflexão sobre as intervenções.
O facto do número de espectadores ter sido tão reduzido pode ter-se devido, talvez, à hora tardia a que o evento decorreu, tendo finalizado às 20 horas. Para alunos cuja vontade já é escassa, a noite foi mais forte que o interesse pela sabedoria literária.
[Bruno F. Moutinho]
A menina de Dikika
«A menina de Dikika fornece pistas sobre a forma como se esbateram as diferenças entre macacos e humanos.»

Há muito que as florestas pré-históricas de Dikika (Etiópia) desapareceram e, no dia 10 de Dezembro de 2000, os membros de uma equipa de investigação decidiram voltar a explorar o local sob um sol escaldante. Tilahun Gebreselassie foi o primeiro a observar o minúsculo rosto da menina de Dikika.
Dikika é uma menina de 3 anos, pequeno hominídeo, que passou 3,3 milhões de anos encarcerada em arenito, até que cientistas etíopes descobriram os seus restos mortais.
Embora não se saiba como morreu a bebé de Dikika, supõe-se que o rio deve ter enterrado rapidamente o corpo debaixo de seixos e areia, protegendo-o dos necrófagos e do clima, antes de o endurecer gradualmente, transformando-o em pedra. O que trouxe várias recompensas ao nível das descobertas científicas.
A bebé é um dos melhores fósseis da sua espécie, o Australopithecus afarensis. Pertence à mesma espécie do fóssil Lucy, uma fêmea adulta com quase 3,2 milhões de anos encontrada em 1974. Ao contrário de Lucy, possui os dedos da mão, um pé e um tronco completo. Mais impressionante é o facto de ter rosto.
Este pequeno hominídeo fornece pistas sobre a forma como se esbateram as diferenças entre macacos e humanos: o formato dos seus ombros pode ainda assemelhar-se ao de um gorila jovem, contudo o ângulo que o fémur forma entre o joelho e a bacia é parecido com o de um ser humano moderno, sugerindo uma postura bípede eficiente. Podem também ser ainda observados na bebé um conjunto completo de dentes de leite e a dentição definitiva inclusa; todas as suas minúsculas costelas que se encontram posicionadas ao longo de uma sinuosa coluna dorsal, e no sítio onde outrora estivera a garganta, encontrava-se um raro exemplar de osso hióide, osso mais tarde crucial para a fala humana. Um dos joelhos, semelhante aos humanos, apresentava-se completo, com uma rótula do tamanho de uma ervilha. A parte superior do corpo apresentava muitas características dos símios: cérebro pequeno, nariz achatado como o de um chimpanzé e rosto longo e projectado para a frente.
O fóssil de Dikika também sugere a possibilidade de o desenvolvimento cerebral já ter então começado a tornar-se mais lento, o que, ao longo da evolução humana, conduziu ao período de dependência prolongado, a infância. Posto isto, os especialistas concluem que a menina de Dikika se encontrava no início desta fase singular da vida humana.
«A bebé possui os dedos da mão, um pé e um tronco completo. Mais impressionante ainda é o facto de ter rosto.»

«...viveu na infância da humanidade.»
[Texto Adaptado da revista National Geographic de Nov.06]
[Débora Ramalho]
O Continente Africano
África é o segundo continente mais populoso da Terra e o terceiro continente mais extenso. Tem cerca de 800 milhões de habitantes em cinquenta e quatro países.
Cinco dos países de África foram colónias portuguesas e usam o português como língua oficial: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, onde são também falados crioulos portugueses.
Este continente é banhado pelos Oceanos Indico e Atlântico, e também pelo mar Mediterrâneo que o separa da Europa. O seu clima é tropical.
África foi, desde a antiguidade, procurada por povos de outros continentes, que buscavam as suas riquezas, como escravos, sal e ouro. A sua actual divisão territorial resultou da descolonização europeia.
Foi em África que se encontraram os mais antigos fósseis de hominídeos e têm cerca de 5 milhões de anos.
[Débora Ramalho]
Desportos Africanos
Como em toda a parte do mundo, o desporto- -rei em África é o futebol, basta um pequeno campo, uma bola e um grupo de rapazes para o praticar, qualquer um o pode jogar.
O atletismo também é muito praticado, pois não necessita de grandes infra-estruturas. Os atletas “pé descalço” quenianos são um bom exemplo disso.
No Quénia, a corrida é uma prática milenar. Os campeões quenianos tornaram-se embaixadores itinerantes do seu país e grandes ídolos para a juventude.
Outro desporto muito praticado é o surf. A costa meridional de África possui locais fabulosos para aqueles que gostam de praticar essa modalidade. As ondas da região do Cabo, cuja qualidade atrai praticantes de todo o mundo, apresentam configurações ideais quer para principiantes quer para especialistas em surf.
Na África do Sul, a população branca tem também paixão pelo râguebi e pelo críquete, desportos herdados dos ingleses.
O basquetebol, nos últimos anos também se tem afirmado como uma grande modalidade em África, devido às influências norte-americanas. A grande e forte estrutura física dos jogadores permite competir com os melhores do mundo.
Outro jogo muito tradicional em África é o «solitário», jogo malgaxe que os turistas gostam de comprar, em madeira e pedras semi-preciosas.
Para jogar este jogo são dispostas 48 peças em forma de cruz que se vão retirando para libertar um lugar para “comer” outra, como no jogo de damas, até que não fique mais nenhuma.
Um outro jogo do mesmo género é o «pão» que, embora com nomes diferentes, se pratica em toda a África. Trata-se de um passatempo bastante antigo, em que se usa uma tábua grossa onde estão cravadas duas fiadas de oito discos que os dois jogadores têm de encher e despejar em sementes. Na falta da prancha pode jogar-se no chão, em buracos feitos na terra ou na areia. Os jogadores têm de ser expeditos em cálculo mental e na condução da partida.
[Pavel Tsiunchik]

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Cultura em Angola
O nome Angola deriva da palavra bantu N’gola, título dos governantes da região no século XVI, época em que começou a colonização da região pelos portugueses.
Angola foi uma colónia portuguesa até 1975. É um país da Costa Ocidental de África e faz fronteira a norte e a leste com a República Democrática do Congo e a sul com a Namíbia. A sua área total é de 1 246 700 km2. Luanda é a sua maior cidade e também a capital – tem cerca de 2,2 milhões de habitantes.
Nesta região o clima é tropical, apresentando muitas variantes que vão desde o clima tropical húmido ao desértico quente.
A economia de Angola caracteriza-se por ser predominantemente agrícola, sendo o café a sua principal cultura. Seguem-se-lhe a mandioca, a cana-de-açúcar, a banana, a batata doce, o amendoim e o feijão seco. As principais industrias deste território são os cereais, o algodão e o tabaco. As sociedades multinacionais exploram, essencialmente, o ferro, o gás natural e o petróleo.
O português é conhecido como a única língua oficial de Angola. Para além desta existem ainda mais vinte línguas nacionais, como o umbundo, o quimbundo, o quicongo, entre outras. A nível religioso predominam o Catolicismo, o Protestantismo e as religiões tribais que incluem determinados rituais.
Cultura em Guiné-Bissau
A Guiné-Bissau, com 36 125 km2 de superfície, situa-se na Costa Ocidental de África. Tem fronteira a norte com o Senegal, e a sul com o Oceano Atlântico. Além do território continental, o país integra ainda cerca de 80 ilhas que constituem o arquipélago dos Bijagós. Bissau, a capital, está construída na margem direita do rio Geba.
Esta região tem cerca de 2.000.000 habitantes, e abriga, nas suas ilhas e florestas, povos cuja arte e tradições conservam uma grande originalidade.
O seu interior é formado por savanas, e a costa por planícies pantanosas. O clima é tropical, alternando o período de chuvas com outro de seca e ventos quentes vindos do deserto do Saara.
Nesta região de África podemos encontrar vários recursos naturais, como peixe, madeira, noz de acaju, milho, arroz, entre outros. Contudo, a Guiné-Bissau está entre as nações menos desenvolvidas do globo e entre os 20 países mais pobres, dependendo fortemente da agricultura e da pesca.
A língua portuguesa é a língua oficial do país, juntamente com outras línguas nacionais, o crioulo e o mandé.
Cultura em Cabo Verde
Cabo Verde é um país africano constituído por 10 ilhas. Situado no Oceano Atlântico, 640 km a oeste de Dakar, Senegal, as suas ilhas tropicais albergam uma população mestiça.
Cabo Verde é uma antiga colónia portuguesa, datando a sua descoberta do século XV. É um arquipélago de origem vulcânica, país pobre, que se abre pouco a pouco ao turismo: a beleza das suas ilhas e do mar permanentemente encapelado, muito apreciado pelos amadores de desportos náuticos, encanta os viajantes. As principais ilhas turísticas são a Ilha do Sal e a Ilha de Santo Antão.
A área total do arquipélago é de 4033 km2. De todas as ilhas a maior é a de Santiago, seguindo-se a de Santo Antão, a de Boa Vista, a do Fogo, a de S. Nicolau, a do Maio, a de S. Vicente, a do Sal, a Brava e a de Santa Luzia. A capital é a cidade da Praia, situada na ilha de Santiago, sendo Mindelo e São Filipe outras cidades importantes.
O clima de Cabo Verde é caracterizado por temperaturas moderadas e por uma extrema aridez. Esta região de África tem uma economia em vias de desenvolvimento que se baseia na agricultura e na pesca. Entre as culturas actuais destacam-se o milho, o feijão e a mandioca.
A população de Cabo Verde ronda os 500 000 habitantes. As etnias dividem-se entre crioulos (mestiços), com71% da população; os negros, com 28%; e os brancos, com 1%.
A nível religioso predomina o Catolicismo, seguido de longe pelo Protestantismo.
A língua oficial é o português, no entanto, a maioria da população fala crioulo.
As origens da cultura cabo-verdiana estão portanto numa mistura cultural africana e europeia. Na música há diversos géneros musicais próprios, dos quais se destacam a morna, a coladera, o batuque ou o funaná. Cesária Évora é a cantora cabo-verdiana mais conhecida do mundo. Os cabo-verdianos traduzem nos seus ritmos e danças toda a alegria e vivacidade do seu povo. São músicas para serem cantadas e ouvidas em grupo, pois exigem ser dançadas e pedem companhia.
Cultura em São Tomé e Príncipe
São Tomé e Príncipe é um estado insular localizado no Golfo da Guiné, composto por duas ilhas principais (São Tomé e Príncipe) e várias ilhotas, num total de 964 km2, com cerca de 120 mil habitantes.
As ilhas de São Tomé e do Príncipe ficam situadas a cerca de 300 km da Costa Ocidental de África, sendo atravessadas pelo equador.
Estas ilhas têm apostado no turismo para os seu desenvolvimento, contudo foi a descoberta de jazidas de petróleo nas suas águas que abriu novas perspectivas para o futuro.
[Débora Ramalho]
Gastronomia

A Gastronomia de África é conhecida pelos seus variados sabores quentes e exóticos.
Cada prato, cada condimento ou mesmo especialidade é característica de cada país, região e de cada povo, que facilmente permanecem na memória e no paladar de todos aqueles que têm o prazer e a oportunidade de saboreá-los.
O verdadeiro encontro com os sabores, dá-se nos mercados africanos onde se encontra produtos do mar junto à costa, frutos nas regiões arborizadas, painço, sorgo e inhame nas zonas da Savana. Todos os mercados são o ponto de encontro de uma multidão frequentemente densa, além de centros onde se agrupam os artesãos.
O comprador matutino (madrugador), além de encontrar carne fresca, beneficia também de melhores preços. O primeiro cliente é considerado assim como um talismã, e quanto mais cedo se faz a primeira venda, melhor se anuncia o dia. Quanto aos outros compradores, terão de regatear duramente. Os mercados podem instalar-se no próprio chão, abrigar-se em vastos armazéns ou organizar-se à volta das lojas dos artesãos.
A gastronomia de Angola é caracterizada pelo feijão de óleo de palma (dendém) e pela muamba de galinha.
Cabo Verde presenteia-nos com a cachupa de peixe, rica em proteínas.
Na Guiné-Bissau não há quem fique sem comer o famoso caldo de peixe.
Em S. Tomé e Príncipe não existe quem não goste de calulu de peixe.
Em África seja peixe ou carne, todos os ingredientes são frescos e temperados com várias horas de antecedência, para depois se cozinhar e deixar-se envolver primeiramente pelos cheiros que vagueiam na cozinha e depois pelos gostos picantes e exóticos.

Receitas:

Muamba
Ingredientes:
300 g de carne de vaca pré-cozida
300 g de carne de galinha pré-cozinha
200 g de quiabo
½ xícara de óleo de palma
1 xícara de molho de muamba
Cebola
Alho
Sal
Água

Preparação:
Doure a cebola e o alho no óleo de palma. Depois acrescente as carnes de galinha e vaca, os quiabo cortados ao meio e o molho de muamba. Misture bem os ingredientes e coloque um copo de água. Deixe cozer por 20 minutos.

Cachupa rica
Ingredientes:
Azeite
Cebola
Sal
Alho
Milho branco para cachupa
Feijão
Carnes de vaca, porco (salgado dias antes), chouriço e frango
Couves

Preparação:
Coloque numa panela de pressão o milho, feijão, sal e um dente de alho. Cubra metade da panela com água e deixe cozinhar durante 30 minutos. Enquanto isso, numa outra panela, refogue o alho e a cebola no azeite. Misture este refogado à carne. Por fim, acrescente tudo ao feijão e ao milho e deixe apurar durante uns 15 minutos.

Caldo de peixe
Ingredientes:
600 g de vários peixes
1 dl de óleo de palma (citi)
2 dentes de alho
2 cebolas
1,5 litros de água
Sal q.b.
Piripiri q.b.
90g de arroz

Preparação:
Arranjam-se os peixes, passam-se por água e cortam-se aos bocados. Leve ao lume num tacho óleo de palma, os dentes de alho e as cebolas cortadas às rodelas. O sal e o piripiri. Assim que a cebola alourar, junta-se o peixe e deixa-se fritar um pouco. De seguida adiciona-se a água para cozer o peixe e assim que levantar fervura junta-se o arroz. Deixe cozinhar durante uns 15 minutos, e está pronto a servir.
[Neide Moura]

A ARTE AFRICANA



A arte africana representa os usos e costumes das tribos africanas. É uma arte extremamente representativa, chama atenção pela sua forma e estética, os simples objectos de uso diário, como ornamentos e tecidos, expressam muita sensibilidade. Nas pinturas, assim como nas esculturas, a presença da figura humana identifica a preocupação com os valores étnicos, morais e religiosos. A escultura foi uma forma de arte muito utilizada pelos artistas africanos usando-se o ouro, bronze e marfim como matéria-prima. As máscaras têm um significado místico e importante na arte africana sendo usadas nos rituais e funerais. Para estabelecer a purificação e a ligação com a entidade sagrada, são modeladas, em segredo, na selva.
A mais importante manifestação da arte africana é a escultura. A madeira é um dos materiais preferidos. Ao trabalhá-la o escultor associa outras técnicas (cestaria, pintura, colagem de tecidos).



…em CABO VERDE

Só depois da independência em 1975 é que ocorreu o surgimento de alguns artistas no campo da pintura e escultura. Nesta primeira fase, todos os trabalhos pictóricos evidenciavam o grito da liberdade e a alegria da independência.


Actualmente, Cabo Verde abriu-se para o resto do mundo. Os seus artistas vão buscar influências, e até estudar, ao estrangeiro. Há uma certa globalização nas artes cabo-verdianas, mantendo-se, no entanto, certos sinais das raízes africanas, evidenciadas sobretudo na escolha das cores. Os artistas cabo-verdianos têm colocado os seus trabalhos em muitas exposições, não só no seu próprio país, como também em Portugal e nos Estados Unidos.
O artesanato tem, também, grande importância na cultura cabo-verdiana. A tecelagem e a cerâmica são artes muito apreciadas no país. Produzido quer para utensílio, quer para decoração, o artesanato do Cabo Verde é muito singular e é o verdadeiro instrumento de expressão da cultura popular. Hoje em dia, ele é igualmente uma atracção para os turistas, constituindo o seu fabrico e comercialização o único meio de subsistência para algumas famílias.

…em ANGOLA

A arte da máscara azul de Angola e as esculturas não são criações meramente estéticas. Elas têm um papel importante em rituais culturais, representando a vida e a morte, a passagem da infância à vida adulta, a celebração de uma nova colheita e o começo da estação da caça.


Os artesãos angolanos trabalham madeira, bronze e marfim, nas máscaras ou em esculturas. Cada grupo étnico-linguístico, em Angola, tem os seus próprios traços artísticos originais. A parte mais famosa da arte angolana é o pensador de Cokwe, uma obra-prima da harmonia e simetria da linha.
As máscaras e as bugigangas estilizadas, que são criados para captar o olho de um turista, são partes produzidas em série, ao gosto do turista médio. Um dos maiores mercados de artesanato em Angola é o mercado de Futungo, que é o centro principal do comércio de artesanato para turistas e expatriados.


[Cátia Santos]

Literatura de Angola

É na segunda metade do século XIX que surgem textos de alguns escritores. Estes não podem ser genericamente catalogados de autores de literatura colonial. A literatura angolana desta época apresenta duas facetas: se, por um lado, mostra a realidade, de forma coerente, do universo africano, por outro enjeitam a exaltação do homem branco.
O mais remoto destes escritores é José da Silva Maia Ferreira, que marca o início da literatura angolana de língua portuguesa. Nesta temos uma poesia onde se destacam temas como o amor, a amizade, a fraternidade, a nostalgia e um certo enlevo rústico ou paisagista.
Após a independência, em 1975, são feitas tentativas, falhadas, para despertar o gosto pela leitura no seio da população, estimulando-o com grandes edições de livros, que eram vendidos a preços reduzidos. Para todos os efeitos, os escritores continuaram a escrever, sendo obrigados, na maior parte das vezes, a publicar as suas obras noutros países.
Na literatura angolana surgem-nos nomes como Ana Paula Ribeiro Tavares (“Ritos de Passagem”, em 1985; “O Sangue da Buganvília”, em 1998; “O Lago da Lua”, em 1999; “Dizes-me coisas amargas como os frutos”, em 2001), Arlindo Barbeiros (“Angola Angolê Angolema”, em 1975; “Nzoji – Sonho”, em 1979; “Fiapos de Sonho”, em 1990; “Na Leveza do Luar Crescente”, em 1998), José Eduardo Agualusa (“A Conjura”, em 1989; “O Coração dos Bosques”, em 1991; “A Feira dos Assombrados”, em 1992; “Estação das Chuvas”, em 1996; “Fronteiras Perdidas, Contos para Viajar”, em 1999; “O Ano em que Zumbi Tomou o Rio”, em 2003; “O Vendedor de Passados”, em 2004), José Luandino Vieira (“Luuanda”, em 1963; “Velhas Estórias”, em 1974; “Vidas Novas”, em 1975; “Lourentinho, dona Antónia de Sousa Neto e eu”, em 1981), Viriato Clemente da Cruz (“Poemas”, em 1961. Entre os seus textos poéticos, destacam-se “Namoro”, “Sô Santo” e “Makézu”).
Destaque

Nome: Pepetela, pseudónimo de Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos.
Naturalidade: Benguela, província situada a sul de Angola.
Profissão: Professor de Sociologia na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e escritor.
Prémios: Em 1997, ganhou o Prémio Camões, o maior prémio da literatura de língua portuguesa.
Obras: Destacou-se como escritor na década de 60 ao escrever o livro de ficção “Mayombe”, onde apresenta as primeiras contradições internas da guerrilha em Angola; “Yaka” (1985), “A Geração da Utopia” (1994), “O Desejo da Kianda” (1995), “A Gloriosa Família” (1997), “Jaime Bunda, o Agente Secreto” (2001).
[Bruno F. Moutinho]
Literatura de São Tomé e Príncipe

Aevolução social de São Tomé e Príncipe teria sido paralela à de Cabo Verde mas, em meados do século XIX, com a implantação do sistema de monocultura, a burguesia negra e mestiça é violentamente substituída pelos monopólios portugueses. Tal acontecimento é expresso pela poesia, apesar da sua essência ser genuinamente africana.
Devido à ausência de uma revista literária, de uma actividade cultural própria, de uma imprensa significativa e de uma escola com quadros literários do Arquipélago, apenas em Portugal foi encontrado o ambiente propício à revelação de potencialidades criadoras. O primeiro caso surge em 1916, ano em que Caetano da Costa Alegre publica a sua obra “Versos”. Esta exprime a situação desencantada do homem negro numa cidade europeia. Outro poeta importante é Francisco José Tenreiro que, em 1943, publica “Ilha de nome santo”. Este identifica-se com a dor do homem negro e repõe-no no quadro que lhe cabe da sabedoria universal.
A narrativa de São Tomé e Príncipe é, de certa forma, modesta. As esporádicas experiências de Viana de Almeida (“Maiá Pòçon”, contos publicados em 1937) e de Mário Domingues (“O Menino entre Gigantes”, publicado em 1960) não chegam a ser uma contribuição relevante.
Outro autor também reconhecido é Albertino Bragança com a obra “Rosa do Riboque e Outros Contos”.
[Bruno F. Moutinho]

Literatura da Guiné-Bissau

De todas as antigas colónias portuguesas, a Guiné-Bissau foi o país onde a literatura se desenvolveu mais tardiamente, devido ao atraso do aparecimento de condições sócio-culturais propícias para o efeito. Tal deveu-se ao facto de ser uma colónia de exploração e não de povoamento.
A literatura da Guiné pode ser dividida em quatro fases distintas. Temos a fase anterior a 1945, com a presença de autores marcados pelo cunho colonial. Neste período destaca-se o Cónego Marcelino Marques de Barros, ao qual se deve a recolha e a tradução de contos e canções guineenses. A segunda fase decorre entre 1945 e 1970, onde podemos observar uma poesia de combate, que denuncia a dominação, a miséria e o sofrimento, incitando a luta pela libertação. É neste período que surgem os primeiros poetas guineenses, como Vasco Cabral e António Baticã Ferreira. Dos anos 70 aos anos 80, temos uma literatura exclusivamente poética, fazendo a transição para a poesia intimista. É abordado o tema da identidade através de diferentes situações: a humilhação do colonizado, a alienação ou assimilação e a necessidade de afirmação da identidade nacional. Embora o recurso ao crioulo seja marginal, os autores afirmam-se como cidadãos africanos. Desta fase destacam-se autores como Francisco Conduto de Pina que, em 1978, publicou o seu primeiro livro de poemas “Grandessa di nô tchon” e Hélder Proença que publica, em 1982, “Não posso adiar a palavra”, com duas obras poéticas. A quarta fase, que surge a partir da década de 90, é marcada por uma poesia mais intimista. Nesta, o crioulo torna-se mais frequente, quer pela escrita quer pelos termos e expressões em textos em português. Temos publicações diversas, tais como “O Eco do Pranto”, de Tony Tcheca (1992); “O Silêncio das gaivotas”, segundo livro de poemas de Francisco Conduto Pina (1996); “Entre o Ser e o Amar”, uma recolha bilingue português-crioulo de poemas de Odete Semedo (1996) e “Um Cabaz de Amores – Une corbeille d’amours”, recolha bilingue português-francês de poemas de Carlos Edmilson Vieira (1998).
A prosa aparece, apenas, em 1993 na literatura contemporânea bissau-guineense. Foi Domingas Sami que inaugurou este estilo com uma recolha de contos (“A Escola”) sobre a condição feminina na sociedade nacional. O primeiro romance de Abdulai Silá surge em 1994 (“Eterna paixão”). Em 1998 surge Filinto Barros com o seu primeiro romance, “Kikia Matcho”, que mergulha o leitor no mundo mágico e místico africano. Em 1999, Filomena Embaló publica “Tiara”, que levanta o véu do delicado tema da integração familiar e social no seio da própria sociedade africana. Carlos Edmilson Vieira, em 2000, edita “Contos de N’Nori”, uma recolha de contos que evocam lendas e costumes populares, recordações de brincadeiras da juventude e as vicissitudes sociais e políticas da sociedade guineense.
Constata-se que a literatura contemporânea bissau-guineense, nas suas diversas formas, tem uma constante: pela pluma dos seus escritores, ela retrata as desilusões, os medos e as aspirações da população perante a situação política, social e económica que prevalece no país”.
[Bruno F. Moutinho]
[nota: itálicos de Filomena Embaló]
Literatura de Cabo Verde

Em oposição às outras colónias não houve, em Cabo Verde, uma verdadeira literatura colonial. A maioria dos cabo-verdianos emigraram para Portugal, e foi em Lisboa que muitos se tornaram escritores.
A partir da segunda metade do século XIX, a colonização, já havia adquirido, no Arquipélago, uma feição própria. A pouco e pouco, a posse da terra e postos da Administração, transitavam para as mãos de uma burguesia cabo-verdiana.
Consideram-se a autêntica literatura cabo-verdiana aquela que reflecte o real cabo-verdiano.
Com a independência surge uma “nova” literatura formada por um profundo sentimento nacional que há-de alimentar-se nas raízes da longa história do processo social e político de Cabo Verde.
Toda a sua história torna, a literatura cabo-verdiana, das mais ricas da África Lusófona. Desta destacam-se os poetas: Sérgio Frusoni, Eugénio Tavares, B.Léza, João Cleofas Martins, Ovídio Martins, Jorge Barbosa, Corsino António Fortes, Baltasar Lopes da Silva, José Lopes, Pedro Cardoso, Manuel Lopes, António Nunes, Aguinaldo Fonseca, Teobaldo Virgínio, Gabriel Mariano, Ovídio Martins, Onésimo Silveira, João Vário, Oswaldo Osório, Arménio Vieira, Vadinho Velhinho, José Luís Tavares, Vera Duarte, Gabriel Mariano e Amilcar Cabral; os escritores: Manuel Lopes, Germano de Almeida, Luís Romano de Madeira Melo, Orlanda Amarilis, Jorge Vera Cruz Barbosa, Pedro Cardoso, José Lopes, Mário José Domingues, Daniel Filipe, Mário Alberto Fonseca de Almeida, Corsino António Fortes, Arnaldo Carlos de Vasconcelos França, António Aurélio Gonçalves, Aguinaldo Brito Fonseca, Ovídio de Sousa Martins, Henrique Teixeira de Sousa, Osvaldo Osório, Dulce Almada Duarte, Filinto Elísio e Manuel Veiga; e as obras literárias: “Chiquinho”, de Baltasar Lopes da Silva; “Os Flagelados do Vente Leste, Chuva Braba”, de Manuel Lopes; “O Testamento do Senhor Napomuceno da Silva Araújo”, de Germano de Almeida; revista Claridade, e “Hora di Bai”, de Manuel Ferreira de grande prestígio e celebridade.
[Bruno F. Moutinho]
Música
Em África, a música é uma forma de expressão espontânea e natural, toda a celebração, seja ela oficial ou religiosa, é acompanhada por música.
Os ritmos apelam à dança, as melodias são acompanhadas por palavras ternas ou violentas, rituais ou sensuais, numa variedade de géneros excepcionalmente rica.
Casamento, baptizado, cerimónia de circuncisão ou simples vontade de se reunir, em África tudo é motivo de festa, de aldeia ou de rua, onde a música, através das suas múltiplas expressões, é sempre rainha.
Ao tentar falar da cultura e dos rituais de africanos, começamos a falar do seu mais divergente elemento: os tambores, e falar deles é uma tarefa difícil. Os tambores não são apenas tal como os vemos, têm em si conotações naturais e sobrenaturais. Estão ligados aos rituais que se relacionam às danças, à música e à literatura.
Angola, ao longo dos anos elaborou uma música tradicional, mais conhecida pelo semba. No semba existe um compasso que frequentemente caracteriza o bom samba brasileiro. É um dos estilos musicais que caracteriza essencialmente o povo kimbundo; actualmente não se pode falar do semba sem se falar do “cota Bonga”. Bonga nasceu a 5 de Setembro de 1942, em Kipiri, na província do Bengo, músico angolano exilado em Portugal, onde seu ritmo inebria as almas lusitanas, enquanto que aos brasileiros faz lembrar o samba, aos cubanos recorda a rumba.
Os tipos de música que mais sobressaem em Cabo Verde são a morna, a coladera, e o funaná.
A morna será sempre a música mais representativa do cabo-verdiano. Por muito que as pessoas temam pela sua desvirtualização, ela já sofreu influências várias no passado e poderá vir a sofrer outras, mas permanecerá sempre como a morna cabo-verdiana, mas não se fala deste tipo de música sem se falar na rainha da morna, Cesária Évora, mais conhecida pela diva dos pés descalços, nasceu a 27 de Agosto de 1941 em Mindelo.
A coladera nasceu da aceleração do andamento da morna, isto é, da passagem do compasso quaternário para o compasso binário resultante do cê cortado, é a que nasceu da adaptação dos ritmos estrangeiros no compasso binário.
O funaná, música em compasso binário, com andamento duplo, lento-médio e rápido, é assim como todas as outras formas musicais existentes em Cabo Verde, ligado à dança. Inicialmente presente apenas no interior de S. Tiago, passou depois para a cidade, com algumas mudanças no campo instrumental, o que levou a uma certa virtuosidade e enriquecimento a nível harmónico.
Evidentemente que não se pode falar de música sem se falar de dança. A dança africana é caracterizada por ser extremamente sensual, a quem diga mesmo excitante. A mulher ao dançar mexe todo o corpo, cada parte do seu corpo move-se lenta ou rapidamente mas sempre sensualmente, o que leva a adaptarem-se a qualquer tipo de dança sem grandes dificuldades.
A música africana apesar do sucesso que tem actualmente mudou imenso. Antigamente as músicas tinham temas instrutivos, referiam-se essencialmente pela beleza e amor pelo país / cidade em questão. Nos dias de hoje, e apesar de se vibrar imenso com as actuais músicas, os temas mudaram muito. A música passou a ser uma constante crítica aos aspectos negativos existentes não só no país como também ás pessoas.
Com ou sem críticas, para o africano a música faz parte da sua vida, não interessa que esteja triste ou alegre se tiver música ele sorrirá eternamente à vida.
[Neide Moura]

Pele Castanha

Refrão
Eu amo a minha Pele Castanha
Sou uma mulher e Africana
E tenho orgulho daquilo que sou
Eu amo a minha Pele Castanha
Sou uma mulher e Africana
Este é o caminho que sigo e que estou

A mostrar senhorita gostei de te ver
Vejo imagens tuas logo que começo a escrever
De onde és Nigéria , Angola ou África do Sul?
Qual é a tua cor favorita branca, preta ou azul?
Por um tempo pensei que fosses de Copacabana
Mas essa tua beleza só contém uma Africana
Qual é a tua, meu desejo é desenhar-te nua
Minha vontade é muito grande nasgestuana pura é tua.
Pele Castanha por ti subo a montanha Evereste
Nosso amor me leva a Leste
Pele macia mais forte que uma poesia
Africana não põe maquilhagem ou fantasia.
Faz os seus deveres com a criança nas costas
Adrenalina corre like ferrari taste roster
Nem fales de trajes meio continente encosta
África é África cultura todo o mundo gosta

Refrão

É raro encontrar as qualidades que possuis
Mulher inteligente palavras não são o suficiente
Para descrever aquilo que o homem
Não te compares a outros estilos
A vida anda deixando de fora os seus mamilos
Pescoço rodeado de missangas
Sempre de cabeça erguida carregando sangas
Tu dás á luz homens bonitos vestindo combus
Há quem não nos diz que tu nos abençoas com Jesus
Cada passo que das tenta alcançar a paz
Uma vez mais persistes porque sabes que és capaz
De unir nações ou qualquer pessoa
Teu cabelo espigado simboliza uma coroa
Tua voz ai o veloz
Traz para todos nós
Sabedorias para amanhã construirmos rôbos
E se desse mergulhava de novo no teu ventre
Para trazer sabedoria e expulsar o homem presente.

Refrão

Poucas mulheres com a beleza que tens
Muitas mulheres que querem ser como és
Mas não conseguem porque essa beleza
Já é de natureza baby eu sou um poeta
Dás-me força para agarrar na caneta
Ser o homem mais forte do planeta
Antes de nada o meu nome é C.L Brown sugar
Ou Doce de Mel

You are another great women
Brown skin sister

Refrão


Army Squad

História da Televisão



A televisão é um sistema electrónico de transmissão de imagens e som de forma instantânea. Funciona a partir de análise e conversão da luz e do som em ondas electromagnéticas e de sua reconversão em um aparelho que recebe o mesmo nome do sistema ou pode também ser chamado de aparelho de TV.
As primeiras experiências com emissão da televisão a preto-e-branco em Portugal começaram no ano de 1949. No entanto, a inauguração oficial da televisão em Portugal, teria a sua data marcada para o mês de Setembro de 1956, no recinto da feira popular em Lisboa.
Os primeiros aparelhos de televisão eram rádios com dispositivo que consistia num tubo néon com um disco giratório mecânico que produzia uma imagem vermelha do tamanho de um selo postal. O primeiro serviço de alta definição apareceu na Alemanha em Março de 1935, mas estava disponível apenas em 22 salas públicas. Uma das grandes transmissões foi a das Olimpíadas de 1936, em Berlim. O uso da televisão aumentou enormemente depois da 2ª Guerra Mundial devido aos avanços tecnológicos surgidos com a guerra e à renda adicional disponível.
A televisão em cores surgiu em 1954, na rede americana NBC.
O primeiro sistema semi-mecânico de televisão analógica foi demonstrado em Fevereiro de 1924, em Londres por John Baird com uma imagem do desenho animado Félix the cat e, posteriormente, imagens em movimento em 30 de Outubro de 1925. Um sistema electrónico completo foi demonstrado por Philo Taylor Farnsworth em 1927. O primeiro serviço analógico foi a WGY em Schenectady, Nova Iorque, inaugurado em 11 de Maio de 1928.
[Texto: Ana Rita Ribeiro
Imagem: Cátia Santos]

…na Guiné-Bissau

A televisão na Guiné-Bissau ainda trabalha com equipamentos que recebeu de Portugal na altura da sua criação, que estão obsoletos.

Actualmente, foi estabelecido um protocolo com o governo francês para reequipar a Televisão Nacional da Guiné-Bissau com equipamentos modernos das novas tecnologias televisivas.
O governo da iniciativa Presidencial de Kumba Ialá nunca considerou a Televisão como a sua prioridade.
Ainda que, o Director Geral da Televisão tenha dito que está, neste momento, a negociar com algumas empresas guineenses de grande dimensão no sentido desta anunciar os seus produtos na Televisão, a Comissão Nacional das Eleições (CNE) deve, neste momento, àquela emissora televisiva pública 34 milhões de Francos CFA.
Face a esta crise profunda, a Televisão Nacional não está em condições de pôr a funcionar a sua equipa de reportagem. Os seus jornalistas fazem reportagem em todo o território nacional somente com uma viatura. O que, no entender de Francelino da Cunha, é uma prova inequívoca das dificuldades que os jornalistas da Televisão Nacional defrontam na produção da notícia.

… em Angola


Em 18 de Outubro de 1975 a televisão dá início às suas emissões regulares.
Em 25 de Junho de 1976, a televisão é nacionalizada pelo Governo da República Popular de Angola, e passa a constituir uma entidade nova designada pela sigla “TPA”-TELEVISAO POPULAR DE ANGOLA. Em 1979 dá-se corpo a uma iniciativa local, nas cidades de Benguela e Lobito e, em 1981 surge no Huambo o primeiro centro de produção regional, no verdadeiro sentido. Em Setembro de 1997, a TPA vê-se transformada em empresa pública.
Em 15 de Agosto de 2000 arranca, em regime experimental e apenas para a cidade de Luanda e arredores, o canal 2.
Os recursos técnicos de que dispõe apontam para uma tecnologia analógica com mais de 15 anos de utilização.
Assim, a partir de 31 de Maio de 2002, “A Nossa Televisão” passou a conhecer uma nova imagem, que incluiu um novo logótipo - o 4º desde a sua criação, apresentando-se mais moderna, dinâmica e melhor preparada para enfrentar a concorrência e servir o país.

… em Cabo Verde

A CVMultimedia, empresa do Grupo Cabo Verde Telecom (CVTelecom) lança o seu serviço de IPTV, sendo a primeira empresa do Grupo Portugal Telecom a fazê-lo. Com um investimento de cerca de 2.8 milhões de euros, a CVTelecom irá disponibilizar um serviço de Triple-play sobre ADSL 2+ que conta com 21 canais de televisão, Internet de banda larga e vídeo-on-demand.
Com cobertura em todo o território cabo-verdeano, a disponibilização do serviço será feita de forma faseada, primeira nas ilhas de Santiago, Sal, S.Vicente, São Nicolau, Boavista e Santo Antão e numa fase posterior no Fogo, Brava e Maio.
Os telespectadores cabo-verdeanos passam a ter acesso a um maior número de canais de televisão.
Com o lançamento de IPTV em Cabo Verde, o Grupo reforça o seu comprometimento no desenvolvimento da sociedade de informação em todos os mercados onde está presente, assumindo, igualmente, um papel de inovação pioneiro nas operações no continente africano.

[Texto: Ana Rita Ribeiro
Imagem: Cátia Santos]

INQUÉRITOS



1. Nome?
Augusto Manuel Martins Figueiredo
2. Idade?
17
3. Naturalidade/ Nacionalidade?
Angola, Luanda
4. Há quanto tempo em Portugal e porquê Portugal?
Há 15 anos, o facto de ter cá família e a vida em Portugal é melhor.
5. Vieste com quem? Idade com que vieste?
Vim com os meus pais, e tinha 4 anos.
6. Razão porque saiu do seu país?
Por causa da guerra.
7. O que te agrada mais em Portugal?
Facilidade de aderir à Europa (em termos profissionais), um melhor ensino e a amizade com as pessoas.
8. Quais as maiores diferenças entre o teu país e Portugal?
Portugal tem maior desenvolvimento em termos económicos, político, ambiental e de educação. 9. Qual a sua religião? Continua a praticá-la?
Ateu
10. Quantos países já visitaste?
Três, Portugal, Suiça e Angola.
11. Quantas línguas falas? E quais?
Falo Português, Angola (básico) e Inglês (básico)
12. Quais os seus planos para o futuro?
Ser jogador de futebol e jogar na Europa. Com 19/20 anos ir para a Suiça onde poderei começar a minha carreira.



1. Nome?
Cadijatu Embaló
2. Idade?
21
3. Naturalidade/ Nacionalidade?
Bissau, Guiné-Bissau
4. Há quanto tempo em Portugal e porquê Portugal?
Há 5 meses, por causa da família e dos estudos.
5. Vieste com quem? Idade com que vieste?
Tinha 20 anos e vim com a minha madrasta.
6. Razão porque saiu do seu país?
O meu país tem dificuldades de educação, e tenho cá a minha família.
7. O que te agrada mais em Portugal?
As pessoas, a saúde e a escola.
8. Quais as maiores diferenças entre o teu país e Portugal?
É muita coisa, como a educação, a comida, porque a comida guineense é melhor.
9. Qual a sua religião? Continua a praticá-la?
Cristão, sim continuo.
10. Quantos países já visitaste?
Já visitei três. Senegal, Portugal e Guiné-Bissau
11. Quantas línguas falas? E quais?
Duas, Português e crioulo.
12. Quais os seus planos para o futuro?
Estudar e formar-me para ter um bom emprego.



1. Nome?
Josselinne Semedo Santos
2. Idade?
18 Anos
3. Naturalidade/ Nacionalidade?
Cabo-verdiana
4. Há quanto tempo em Portugal e porquê Portugal?
Vivo cá à 15 anos. Porque era a metrópole do meu pais e era a via de mais fácil integração de acordo com a língua. E também porque tinha mais equipamentos que permitia o meu problema.
5. Vieste com quem? Idade com que vieste?
Vivo com a minha mãe. Vim com 3 anos e 6 meses.
6. Razão porque saiu do seu país?
Vim para cá para fazer um tratamento médico.
7. O que te agrada mais em Portugal?
Muita coisa. Este foi o pais onde cresci, obviamente não rejeito o meu de origem, mas foi aqui que cresci e onde se formou o meu carácter. Portugal tem aspectos positivos como a facilidade de integração visto que é a metrópole do meu pais de origem. Para mim isso tornou-se um grande factor que estimulou a minha integração no país.
8. Quais as maiores diferenças entre o teu país e Portugal?
Sinceramente não sei, pois vim de lá muito pequena. Mas já fui passar férias e pude constatar que aqui as condições de vida são melhores mas não se distanciam muito uma da outra.
9. Qual a sua religião? Continua a praticá-la?
Sou católica, mas sinceramente não sou muito praticante, mas nunca me esqueço dos meus ideais religiosos.
10. Quantos países já visitaste?
Dois.
11. Quantas línguas falas? E quais?
Falo duas. Português e crioulo.
12. Quais os seus planos para o futuro?
Não sei, mas quero ser alguém na vida.



1. Nome?
Gilberto Cabral
2. Idade?
15
3. Naturalidade/ Nacionalidade?
São Tomé, São Tomé e Príncipe
4. Há quanto tempo em Portugal e porquê Portugal?
Há 3 anos, devido a um problema de saúde.
5. Vieste com quem? Idade com que vieste?
Vim com os meus familiares, tinha 12 anos.
6. Razão porque saiu do seu país?
Por questões de saúde.
7. O que te agrada mais em Portugal?
As pessoas, a medicina, a escola
8. Quais as maiores diferenças entre o teu país e Portugal?
Tem mais condições médicas e económicas.
9. Qual a sua religião? Continua a praticá-la?
Católico
10. Quantos países já visitaste?
Dois, São Tomé e Portugal
11. Quantas línguas falas? E quais?
Duas, Português e crioulo.
12. Quais os seus planos para o futuro?
Gostava de ser engenheiro.

[Pavel Tsiunchyk]

A SIDA NA ÁFRICA SUBSAARIANA
A África Subsaariana abriga cerca de 24,5 milhões de infectados, quase dois terços dos portadores de HIV em todo o mundo

Desde que os primeiros casos da síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) foram detectados, em 1981, a África é o continente que mais sofre com a doença, especialmente a região subsaariana (também conhecida por África Negra que corresponde à região do continente africano a sul do Deserto do Saara, ou seja, aos países que não fazem parte do Norte de África). A SIDA há muito que ultrapassou as barreiras que envolviam os homossexuais e os drogados, agora é uma doença que pode ser de qualquer pessoa. Já não há grupos de risco. O que há é comportamentos de risco, que devem ser evitados, ou conscientemente assumidos com o máximo de precaução. Segundo o relatório anual da ONU, divulgado no início de Julho, são portadores do vírus da SIDA 34.300.000 adultos de 15 a 49 anos e 1.300.000 crianças até 15 anos. Desse total, vivem na África subsaariana 24.500.000. E, já morreram 18.800.000 pessoas, das quais 3.800.000 eram crianças. Ou seja, praticamente o dobro de vítimas causadas pela Primeira Guerra Mundial. Quando as pessoas actualmente infectadas morrerem, a SIDA já terá matado mais gente do que as duas Guerras Mundiais.
[Cátia Santos]
Qual o tratamento?
Cientificamente não há um verdadeiro e eficaz tratamento para a doença

Nas doenças por vírus, a atitude médica consiste em criar no organismo defesa específica contra essa possível agressão, sob a forma de administração de vacinas. É uma atitude preventiva de modo a que, no caso de a infecção se dar, a doença não surja ou seja tão fraca, que o organismo não venha a sofrer por isso e a possa debelar com facilidade. Ainda não foi descoberta a vacina de prevenção para a SIDA. Existe, no entanto, um grupo de medicamentos que podem diminuir a multiplicação dos vírus. Não destrói todos os Vírus, nem cura a doença, mas reduz o número de elementos agressivos e pode retardar a sua evolução. São medicamentos que podem prolongar o tempo de vida, contendo a infecção numa fase anterior ao desfecho final. Mas, para que esse tratamento possa resultar torna-se necessário que os indivíduos seropositivos, os portadores, sejam despistados precocemente e seguidos periodicamente para a aplicação do tratamento na altura devida e conveniente.
E, isso depende, exclusivamente, do interesse e da vontade de cada pessoa em ter conhecimento da sua situação perante a possível infecção pelos vírus HIV.

[Cátia Santos]


Sida em Angola

Angola é o país que está a ganhar contornos preocupantes.
Segundo um estudo realizado em 2003 sobre conhecimentos, atitudes e práticas sexuais dos jovens urbanos em Angola, 43% iniciam a vida sexual a partir dos 13 anos de idade, destes um numera significativo tem várias relações ocasionais sem o uso do preservativo e tão pouco acredita no risco de uma relação sexual desprotegida.
Estima-se que mais de 800 mil pessoas vivem com o HIV/SIDA em Angola.
Quase 1/3 da população dos angolanos nunca ouviram falar do HIV, e quase 70% da população tem menos de 24 anos. A grande pobreza, má nutrição e taxa de fertilidade mais elevada do mundo aumenta o medo da pandemia a HIV/SIDA.

Sida em Cabo Verde

Cabo Verde registava, até finais de 2004, um total de 1063 pessoas infectadas com o HIV (seropositivos) e 374 pacientes com sintomas clínicos de SIDA.
O primeiro caso de SIDA detectado em Cabo Verde, um arquipélago com cerca de 400 mil habitantes, remonta a 1986. Desde então, foram notificadas 1489 pessoas infectadas pelo HIV, das quais 800 pessoas contraíram a doença e 426 morrem com SIDA.
No ano 2004, surgiram 260 novos casos de seropositivos em Cabo Verde, sendo o maior número de notificações registadas na faixa etária dos 25 aos 49 anos.
Sida na Guiné-Bissau

Calcula-se que existam 34 mil pessoas infectadas com o HIV/SIDA na Guiné-Bissau. O HIV é o responsável por 200 mil 500 casos.
Os dados sobre a incidência da doença são assustadores: O vírus mais agressivo, o HIV, que até aos anos 90 era inexistente no país, multiplicou-se por 4, nos últimos 13 anos.
Mais de 63% dos guineenses que participaram numa pesquisa em 2003, sobre comportamentos sexuais, afirmaram não terem utilizado preservativo na sua última relação sexual ocasional.
E, mais importante, metade afirma que não gosta de utilizar preservativos, durante relações sexuais.
Sida em São Tomé e Príncipe

As mulheres são-tomenses usam menos preservativos que os homens.
O nível de escolaridade é determinante para o uso do preservativo. A maior escolaridade corresponde a um maior uso do preservativo. No entanto, em São Tomé e Príncipe, poucas mulheres terminam o ensino secundário comparativamente aos homens, e 3 em cada 10 são analfabetas.
A pobreza e os preconceitos culturais forçam as mulheres destas comunidades a abandonarem os estudos para cuidar dos irmãos mais novos e realizar tarefas domésticas.
[Texto: Carla Neves/Imagem: Cátia Santos]