segunda-feira, 2 de abril de 2007

Marc Chagall


De seu verdadeiro nome Mojša Zacharavič Šahałaŭ, Marc Chagall nasceu em 1887 no seio de uma família pobre, em Pestkovatik, uma vila na província ocidental da Rússia czarista que é agora a independente Bielo-Rússia. Criou o seu próprio mundo colorido de mitos e magia, cheio de estranhas criaturas e eventos miraculosos. Ainda assim, a sua arte foi essencialmente baseada em memórias e experiências reais, que ele transmutou no caldeirão de sua imaginação. Destinado a confrontar-se com as mais variadas culturas, a atravessar guerras e revoluções e a passar por fugas e exílio, em Chagall a arte e a autobiografia estão intimamente interligadas, ainda que de forma indirecta. Cresceu na atmosfera fechada de uma comunidade judia da Europa Oriental que ainda era sujeita a perseguições. Ele teve de superar a oposição da família à sua escolha de carreira, porque violava a injunção bíblica contra a pintura de imagens; e, a fim de estudar na capital, São Petersburgo, ele teve de contornar as regulamentações czaristas que confinavam os judeus aos limites do gueto. Estabelece-se em Paris, em 1910, com Picasso, Braque e outros artistas hoje lendários. Chagall explorou técnicas modernistas, embora nunca abandonasse a tónica pessoal que já havia forjado. Em 1914, quando estava de visita à Rússia, estourou a Primeira Guerra Mundial, e ele não pôde voltar. Finalmente, em 1922, como a atmosfera na União Soviética se tornasse progressivamente menos amistosa para sua arte, Chagall, juntamente com a sua mulher e filha, emigraram.
Em 1937, Chagall naturalizou-se francês, um privilégio logo revogado quando rebenta a Segunda Guerra Mundial, que o levou a mudar-se para o Loire e mais tarde para a Provença. Em 1941, parte para Nova Iorque a convite do Museum of Modern Art (MoMA).
Passou os anos da guerra nos Estados Unidos, onde se dá a morte súbita de Bella (sua mulher), em 1944. Voltou a França em 1948, estabelecendo-se definitivamente no sul. Embora tenha viajado muito, os dias de fuga e o exílio de Chagall haviam acabado, e o seu casamento em 1952 com Valentine Brodsky trouxe-lhe a estabilidade de que precisava.O resto da longa vida de Chagall foi devotado a uma criatividade muito abundante. Morreu com 97 anos, em 1985.



Eu e a Aldeia é uma pintura do pintor russo Marc Chagall. O quadro surrealista foi pintado em 1911, embora neste ano ainda não existisse oficialmente o Surrealismo. O nome foi atribuído à obra por Guillaume Apollinaire, um dos melhores amigos do pintor.
Hoje, esta obra, é considerada a mais famosa de Marc Chagall e uma das mais famosas de todo o Mundo e de toda a história da arte, encontrando-se exposta no MoMA, na cidade de Nova Iorque.
Pintado a óleo, o quadro constitui-se por uma suave e harmoniosa composição, onde as memórias e pequenas lembranças aparecem por ordem, como se em sequência tivessem em primeiro plano uma grande face masculina verde, que ocupa quase toda a margem direita da obra, observando íntima e carinhosamente uma cabra ou uma ovelha que se encontra a ser ordenhada. No segundo plano o espectador pode observar um colorido conjunto de casas, próximas de uma Igreja ortodoxa e uma figura feminina a balançar-se, como se fosse uma memória a desaparecer no tempo, e um lavrador com uma camisola preta e umas calças cinzentas, que passeia com uma enxada pelos campos da Rússia, que Chagall tão bem conheceu.Assim, o autor criou um elo entre as memórias do seu local de nascença e a pintura, sendo este quadro uma das primeiras obras surrealistas.
[Cátia Santos]

1 comentário:

Anónimo disse...

As Pessankas também são de origem Ucraniana, e tem os mesmos significados que a Russa.