6ª Sessão de Prazeres Literários
A sexta sessão das “Conversas de Fim de Tarde”, evento organizado pelo departamento de Línguas Românicas, que se realizou no dia 16 de Novembro de 2006, às 18 horas, contou com a participação dos professores José Raimundo, docente de História, e Francisco Alves, docente de Filosofia. Entre Bocage, nas suas atribulações de poeta libertino no “Reino da Estupidez”, e Miguel de Cervantes, “o narrador imortal”, desenrolaram-se conversas onde a literatura proporcionou um momento de convívio cultural, apesar de uma audiência escassa.
A sessão teve início com a intervenção do professor José Raimundo que traçou alguns aspectos biográficos de Bocage, usando, inclusive, alguns poemas do autor. Demonstrou fortes críticas feitas pelo mesmo à sociedade da época, onde a ironia toma comando no seu trajecto poético.
É da opinião que Bocage era racista e salienta as censuras feitas, inclusive nos livros escolares, aos poemas do autor.
Através de um discurso interactivo e com um sorriso hilariante alicia o público a um momento de prazer e absorção de sabedoria.
Segue-lhe o professor Francisco Alves que ilustra a sua tese através de matrioskas. Foca os diferentes aspectos da narrativa de Cervantes numa análise filosófica e lusófona.
Relata o interesse que D. Quixote despertou nos filósofos, que o utilizaram como motivo para as suas reflexões essenciais sobre a realidade ibérica. Demonstra também que Cervantes era um criador peninsular que nutria simpatia e amizade por Portugal. Há, em “D. Quixote”, referência a Camões e a um rei de Portugal, afirmando, inclusive, que houve influência portuguesa na produção da obra.
Para o professor Francisco Alves “é interessante o cruzar da fantasia com a realidade” ao longo da obra, uma vez que “poderia ter acontecido em qualquer lado”.
A sessão encerra com um pequeno debate de reflexão sobre as intervenções.
O facto do número de espectadores ter sido tão reduzido pode ter-se devido, talvez, à hora tardia a que o evento decorreu, tendo finalizado às 20 horas. Para alunos cuja vontade já é escassa, a noite foi mais forte que o interesse pela sabedoria literária.
[Bruno F. Moutinho]
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